Sonhos de Natal II

Passaram-se alguns momentos e ele sentou-se amavelmente perto dos meus pés, que estavam literalmente deitados na neve fria, uma vez que eu me havia sentado na clareira da floresta. Foi nessa altura que se declarou e me disse que durante toda a sua vida não entendia porque razão nunca deixara de pensar em mim mesmo quando as coisas eram muito más - mesmo sendo sua prima."Porque estrelas como tu, não precisam do sol para as iluminar..", continuava.
Não aguentei. Rapidamente aquelas palavras transformaram-se em lágrimas que me magoavam cada vez mais.. Porquê?? Simples.. Porque eu adorava alguém que estava muito longe de mim, cuja personalidade eu ficara fascinada, como se já a conhecesse há muitos anos. E agora, tudo aquilo que eu sentia por essa grande pessoa, estava a ser exposto pelas palavras do meu primo, um estudante de literatura e futuro escritor, que sem querer expunha perante mim tudo aquilo que eu sentia.. por outra pessoa.
Devo dizer que quiz que o meu primo fosse essa pessoa. Não por ele, claro, mas porque não tinha a distância atormentadora diante de mim. Porque a pessoa, que tinha o oceano em frente e que era alvo do meu carinho me depusera toda a confiança que me parece ser a maior que alguma vez alguém já teve em mim, porque me adorava e porque simplesmente era a pessoa com a maior humildade moral que já conhecera. Porque... porque... sei lá... porque sim... Para quê uma farsa? Para quê dizer ao meu primo que sentia o mesmo por ele, se isso não era mais do que um modo de acalmar o meu inconsciente inquieto, que somente ansiava um abraço apertado daquela pessoa que tanto me adorava e que era alvo da minha mais terna afeição?
Devo-vos dizer que foi uma das acções mais dificeis de fazer até agora. Foi ter pedido desculpas ao meu primo, foi lhe ter explicado o que se passava e foi ver no seu rosto uma expressão de desespero que até aí desconhecia. "Eu simplesmente não posso gostar de um 'irmao'.". A neve continuava a cair.. e eu continuava a ditar aquelas palavras - quais flocos de neve, que escondem lindas formas geométricas na sua composição, sendo cada uma delas portadora de um carinho especial - porque de facto estas palavras representavam diferentes tipos de amor, ambos essenciais para a minha vida. Ficámos em silêncio, ouvindo somente o som das nossas lágrimas, que naturalmente choravam por motivos diferentes.. Só me recordo de uma coisa. Dele se ter ajoelhado a uma árvore centenária e dizer "Tu, grande sábia, bem sabes que a Natureza tudo trás e tudo leva.. traz-me paz por favor... Traz-me sabedoria por favor... Acalma o meu coração por favor... Para que tudo faça sentido"!

Passou um dia desde que tal aconteceu.

E lamento que tenha acontecido.

Porque a partir daí reparei numa frieza marcada da sua parte para comigo.
Eu sei que não é porque não quer comunicar com a sua querida prima, que tanto o acompanhou em todas as suas maluqueiras até aí... não; é porque se defende e não quer sofrer. De uma sensibilidade como nunca vira na vida, receio talvez ter perdido um grande "irmão" . Por isso publico aqui este post, não só para dizer que não queria que as coisas tivessem corrido com este rumo, mas também para dizer que os meus olhos estão postos noutra pessoa, à qual eu dediquei todo este post. Foi por ela que eu escrevi tudo isto, uma história que eu própria criei, para lhe mostrar que ninguém nem nada nos separa, qualquer que seja a situação... porque somos, como um dia disseste... "amigos para tudo"!


ÉS O MEU SONHO DE NATAL !!!! :)

Comments

Anonymous said…
Fantástica!!! Es absolutamente excepcional!!! Adorei. Jinhos bigs ***

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