Pálida memória azul...

"En la distância te puedo ver...quando tus fotos mi siento a ver..."






Ainda me lembro.

Estava no Porto Santo de férias naquele lindo e quente dia de Setembro. A vontade de te conhecer combinava com o sal que colocamos nas saladas de Verão, de modo a não ficarem destemperadas: para que nos seja agradável a combinação do verde alface com o vermelho intenso.

A euforia de te conhecer pessoalmente era tanta que mal almocei naquele dia. Estava nervosa; o facto de conhecer alguém que, apesar da distância, me ajudara tão imperceptivel e duradouramente, era demais para as minhas emoções.

Por vezes, olhava para o mar e perguntava-me o que havia para além dele. Tão azul, tão sereno, tão belo. Como tu dirias...uma "regra de três simples!": Amor, Felicidade, Vida! O local ideal para conhecer a pessoa que com o mar melhor combina: tu!

Ainda me consigo colocar naquele local, fechar os olhos com força e entender que cá dentro algo me dizia que te iria ter comigo naquele dia. Que a tua presença permaneceria para sempre na minha memória.

O calor elevava ao rubro o encarnado da minha face, de tal modo que me sentei na esplanada coberta do café, onde me fixava a cada minuto e com toda a atenção no telemóvel que por cima da mesa repousava e era refrescada pela aragem marítima que o mar oferecia. Com um nervoso muidinho, enviei-te uma sms dizendo onde me encontrava. Em menos de cinco minutos...recebi a resposta: "Vou teR Ctg daqui a 15 min."!

A verdade...a verdade é que me levantei automaticamente da cadeira onde me encontrava com tal vontade e precisão no olhar para o areal, que jurava ver-te a cada segundo que passava. Saí de onde me encontrava e comecei a vaguear por perto, com uma vontade insaciável de molhar os meus pés naquela água pura, azul, brilhante.

Passou-se meia hora.

Já andava um pouco preocupada quando avistei um pescador de tez morena e queimada pelo sol, olhos brilhantes e mochila às costas. Não duvidei! A mesma pessoa de pele salgada que caminhava naquela praia com os olhos postos no infinito, era a mesma que 2 meses antes me enviara sms à noite para me acalmar, me dera força para avançar nas minhas dificuldades e me elogiara com carinho. Era a mesma que, juntamente comigo, olhava para a lua todas as noites e contava as estrelas, ainda que fisicamente separados pelo oceano. Era aquela que me chamava "leoa tigresa" e debatia ideias maravilhosamente elaboradas pelas nossas mentes juvenis...

Corri para o areal com uma alegria tal, que as cenas que connosco se passaram eram dignas de ser escritas e ser captadas por uma câmera, tal qual acontece num filme! E..ai! Saltei para a areia quente e aí estava o meu pescador de olhos brilhantes; com os braços abertos, um sorriso sincero e pequenos sulcos de alegria naquela pele queimada, morena de trabalho, de vontade e de querer viver!

Lembro-me do nosso abraço e do que ele simbolizou. Lembro-me de ficar agarrada a um humilde pescador, sob os olhares curiosos dos transeuntes que pela praia passavam e se deixavam levar por aquela actuação juvenil inesperada. "Está tudo bem?"."Sim! Agora sim!"...

Parece que foi ontem, parece que vivi um sonho. Andámos pelo areal...íamos em direcção à Calheta, lembras-te? Rimos juntos, falamos sobre as mais variadas ieias que nos passavam pela cabeça, mergulhámos naquele mar de supresas e emoções, no Oceano Atlântico que se nos apresentava à frente! Não me perguntes porquê.. mas entendi definitivamente que nada nos acontece por caso. O ter-te conhecido, o ter-te encontrado e o ter desvendado o véu desse mundo de frescura e simplicidade - ainda que com um sofrimento oculto - fez-me querer corresponder com o melhor que de mim tenho: a minha pessoa. E foi nessa tarde que disseste uma das frases mais humildes que já ouvi de alguém:"Se eu achasse, por algum motivo, que precisava de ajuda, qualquer que fosse a razão, só acho que teria a humildade suficiente para a pedir!". Que prova de transparência! Como tu dizes: ser humilde é nada mais nada menos de sermos o que valemos por valor próprio. Que bela tarde...que belas recordações...

Quanto tempo passou? Cinco meses! Há cinco meses que não te vejo..

Mas sabes?! És tão real para mim! És real naquilo que manifestas; no teu olhar, no teu sorriso, nas nossas fotos que revejo com saudade, nos nossos sonhos, no mar, na vontade que o tempo corra e nos deixe conhecermo-nos com calma... "quando mais longe estás, mais perto te sinto de mim!". Esse olhar não engana!!

Finalmente estamos em countdown para nos vermos de novo, e quando isso acontecer..Aaaahhh, aí sim...aí poderemos recordar aquela tarde de Verão, aquele oceano e aquela praia que nunca se esquecerá de nós!