O devir que nos espera.



Por vezes páro para pensar.


Equilibro-me sobre a força do meu próprio corpo exercida sobre o solo, lá em baixo. A terra mantem-se inerte. Quieta, serena, não responde nem uma palavra. Outrora um ponto quente, mantem-se imune às mudanças geofísicas que acompanham o mundo geológico a cada segundo... Tudo o que existe abaixo do meus pés, provavelmente não existirá daqui a muitos milhares de anos, ter-se-á transformado em correntes de lavas e mantos incandescentes de magma..
Paro e vejo aquela arvore ali e acolá.. com ramos imponentes de folha caduca que marcam a sua passagem pela vida com mais uma folha amarelecida que cai. Mas este local lúgubre não deixa passar más energias. Provoca-me sim aquela vontade de viver icompreensível. Aquele desejo que o mundo não se escape enquanto podemos..
O mundo está em mundaça e com ele mudamos também; todo este mundo computorizado e altamente técnico deixa escapar a fidelidade dos sentimentos. As relações parentais, as relações conjugais, as relações de amizade adquiriram novos lugares e novos espaços.. Novos dogmas e novas formas de expressão. Novos aceleradores de partículas, vanguarda da tecnologia, que tentam a explicar-nos, o início do nosso Universo. Onde a matéria e a anti-matéria coabitam mas nunca se encontram..
Mas naquele local... tudo se mantém quieto. Trago na mente a liberdade e no coração a inquietude do amor, jovialidade, esperança. De tenros anos que em contra-relógio tentam decifrar o enovelado de códigos que compõe a breve e efusiva vida.
Os meus pés continuam ergidos, acima da sola das sandálias brancas... as minhas mãos; presas às de outro ser humano, que admiro, que defendo, que idealizo e que tal como eu se entrega a simples pensamentos. É manhã, ainda cedo. Paro para pensar..em tudo o que me ensinaram, em tudo o que aprendo. Naquela festa de ontem à noite onde o calor das salas escuras se fundiam com o acelerar de emoçoes, ritmados com música vibrante.
Uma nova manhã. Uma nova brisa.
Novos sons.


Uma nova palete de cores....


"Está fresco, voltemos para casa"-oiço, após um cúmplice aperto de mão-"está certo.vamos."

(S. Miguel, Açores, 2008)

Comments

Anonymous said…
brutal miúda! continua a postar*

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